segunda-feira, 21 de junho de 2010

E se você pudesse escolher?

Há algum tempo venho pensando sobre uma afirmação bastante comum de se ouvir entre os homossexuais: "Se eu pudesse escolher eu seria hetero".
Pois bem, tal afirmação, no que tange a suposição de poder escolher, credita-se ao fato de que sexualidade se trata de uma orientação e não de uma opção.
Desde que me entendo por gente neste mundo gls em que vivemos, eventualmente, o assunto da escolha vem à tona. Assim, acabo por ouvir que muitos amigos meus, gays e lésbicas, se na hora que nascem viesse um cara (como em matrix) com uma pilula hetero e uma homo para você escolher, com toda certeza eles escolheriam a pílula hetero.
Logo nas primeiras vezes que escutei isso, minha única reação foi dizer que: "Se eu pudesse escolher eu seria do jeito que sou, homo". Mas agora tal afirmação da parte deles me incomoda. Talvez, eu não devesse me incomodar por tão pouco (será pouco?), mas o preconceito escondido por trás disto me arrasa.
Eu sei, eu entendo que ser homo no mundo heterossexual que vivemos significa carregar uma carga para muitos bastante pesada, no sentido de que a aceitação interna e externa nem sempre vem facilmente.
Mas mesmo passando por isso tudo acho que a pessoa poderia exaltar o mínimo de orgulho por ser quem ela é. E não passar por isso tudo e afirmar que preferiria fazer parte do lado preconceituoso (sem querer generalizar) da nossa história.
Beleza, compreendo que nascer, crescer, namorar, casar na igreja, ter filhos e etc é muitos mais fácil, sem ter que pensar em questões como: "Pq eu quero beijar minha amiga e não aquele cara que esta me olhando?", "Como vou fazer para contar para os meus pais que eu gosto de mulher?", "Eu amo minha namorada, mas andar de mão dada com ela no shopping significa ser alvo de olhares e risinhos", "A igreja condena minha união com minha esposa, o Estado mal mal me protege por meio de um contrato e a sociedade não quer que uma lei seja aprovada pq prefere continuar fazendo piadinhas homofóbicas", "Para ter filhos, ou eu adoto, ou eu arrumo um amigo viado ou eu pago uma clinica de fertilização", "Meus filhos vão sofrer preconceito na escola por ter duas mães".
Eu nunca fui de levantar bandeiras sabe, mas diante do que escrevi eu proponho: Vamos ter um pouco mais orgulho de nós mesmos?
Quem sabe assim, "batendo no peito" e dizendo que seu "gayproud" está em dia, e que você não guarda preconceito dentro de você mesmo por sem quer é, nós podemos levantar a cabeça e acabar com um pouco do preconceito que nos rodeia?
Consigo até escutar algum hetero de merda (como existem muitos por ai) dizendo: "como que esse viadinho ou essa sapatona quer exigir respeito se nem ele/ela mesmo (a) gosta de ser quem ele/ela é?". E pensar na possibilidade de escutar isso também me arrasa.
Acho que nos sobra porpurina e festas e nos falta um pouco mais de atitude individual, de orgulho individual.
Longe de mim querer transformar isso numa "guerra" entre heteros e homossexuais, pois acredito num estado democratico de direitos iguais a todos. Cada um no seu quadrado, sem querer usurpar do próximo aquilo que você tem à sua disposição. Conviver em harmonia, por mais utopico que pareça, seria o ideal, e é algo que jamais vou deixar de desejar.
Talvez eu quisesse que o mundo fosse como aquele parque que fui em Porto Alegre/RS (esqueci o nome), era domingo e todos pareciam conviver em harmonia, papai, mamãe, avó, avô, criança, jovem, namoradas, namorados, cachorro, papagaio, árvores, chimarrão. Completo êxtase da minha parte e dos meus amigos capixabas que comigo estavam, ao ver que duas meninas e dois meninos se agarravam freneticamente nas árvores e os únicos babacas que olhavam "abestados" eramos nós. kkkkkk.
Vamos que vamos!

Um comentário:

Cris Medeiros disse...

Homens héteros são chatos e os homos que conheço tão interessantes... ehehe... Se eu pudesse namorava o homos, mas não dá... rs

E se tivesse duas pílulas uma pra ser hétero e uma pra ser homo eu tomava as duas, certamente daria bi, que é o que gostaria de ser... rs

Beijocas