Olha, eu confesso que não me recordo o último dia que te vi...
Imóvel, como se dormisse...
Logo eu que sou tão boa com datas...
Mas acho que preferi me eximir de mais esta lembrança...
Creio que talvez por não querer acreditar que fosse verdade.
Assim, se não houver data exata, é como se eu pudesse voltar lá aonde nos viamos todos os dias durante o ano de 2004 e com menos frequencia nos outros anos e colocar o papo em dia...já que conversar era nossa parte do trabalho favorita.
Pois é, desde o dia que você se foi, não me recordo de ter voltado ao "Fórum" e hoje, por ossos do ofício tive que ir, mas pra minha "sorte" todas as varas foram mudadas de lugar, acho que você ia gostar, afinal aquele nosso cartório mal cabia a gente dentro.
Cheguei lá sem ter lembranças do local, mas mesmo assim elas me cercaram, ainda mais quando logo no primeiro andar, ao procurar o protocolo, avistei as varas criminais e dentro de uma delas a nossa colega.
Parei, a chamei, abraço, um resumo rápido de como tudo está, porque sumi, perguntou dos carinhas (ela não sabe de mim e naquela época a gente compartilhava milhões de assuntos sobre os "carinhas" do Fórum, neh?rs), por fim, o assunto acabou, não recordamos você com palavras, mas tenho certeza que pensamos juntas na falta que você faz.
Tudo isto me fez recordar a primeira vez que te vi, eu sentada na frente do cartorio ainda fechado, era meio dia em ponto, e apos alguns minutos você apontou no final da escada cumprimentando a todos, sorridente e falante. Fiquei mais timida ainda e foi assim por um mês, eu no meu canto, fazendo as coisas quieta.
Passado o periodo de timidez me soltei, viramos amigas, hoje sei disso, porque depois de tantas decepções neste quesito, sei que ter alguem em sua vida que te quer bem, que te dá conselhos, que te ajuda quando você precisa, que lança mao de todos os recursos que possui para te tirar de uma situação ruim, só pode ser chamado de amigo.
Eu perdi uma amiga. Mas guardarei para todo sempre as lembranças, afinal não há tempo que eu passe sem lembrar qualquer coisa de você, nem que seja quando vou esvaziar o perfurador e me recordo que sempre guardavamos as bolinhas de papel num saquinho que ficava na sua gaveta, pq segundo você: "quando chegasse o carnaval usaremos estes confetes" (kkkk).
Ainda te devo um pedaço de pavê, isso eu também lembro.
Devo também um muito obrigada, que nunca tive chance de oferecer, por conta de todas as coisas profissionais e pessoais que aprendi pra minha vida, que você me deu, sem pedir nada em troca, apenas que não pegasse sua caneta que você marcava com um adesivo colorido. (rs)
Obrigada.
"As lagrimas que vêm como sinonimo de saudade dos desencarnados são bem vindas, pois não os prejudica e só faz iluminar o caminho que ainda tem que seguir" (Chico Xavier)
